Conforme prometi, aqui estou a tecer uns breves comentários à poetiza Maria Albertina Amélia e ao seu livro: "POEMAS DA MINHA VIDA "
Tive conhecimento da existência da Amélia e do seu livro, em 29.04.2005, num almoço de convívio realizado em Lisboa, nessa altura.
Foi-me oferecido pelo então Presidente da Junta de Freguesia José Romão, o qual se preocupou  bastante com a CULTURA, durante os seus mandatos.
Este livro, só foi possível dar à estampa graças aos esforços do Presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto e da autarquia local, presidida por José Alves Pacheco, mais conhecido por José Romão..
O mesmo tem o prefácio de Carlos Pinto e algumas palavras de José Alves Pacheco.
O mesmo reflecte questões como a orfandade,  a deliquência, a toxicodependência,  a sida, a guerra a de ficiência , e o aborto.
Tive imensas dificuldades em escolher uma poesia constante do livro.
Acabei por optar pela que tem como título "O FECHO DA MINA", dado o impacto que teve na economia de toda  a região:

As Minas da Panasqueira
A Minórquio, os seus senhores
Puseram no desemprego
Centenas de trabalhadores

As maiores minas da Europa
Minas de tanto valor
Um vento forte lhe sopra
Quem paga ? O trabalhador.

Segundas minas mundiais
Quem diria, quem diria
Que desta vez os minerais
Comprá-los já ninguém queria.

Uma ermpresa assim tão forte
Confesso que nem se explica
Deixou entregue à má sorte
Tanto trabalhador com sílica.

E tantas viúvas deixou
Que sofrem sem dizer ai
E tanta criança ficou
No mundo sem ter pai.

Tanto coração de mãe
Que perdeu um filho amado
E tanto jovem também
Que ficou mutilado.

Eu que já aqui nasci
E como eu muitos mais
Sempre trabalhei aqui
Partir agora é demais.

Como tudo o que há na terra
Tudo tem começo e fim
Eu só não pensei que era
Tudo tão rápido assim.

Ó Minas da Panasqueira
Nunca pensei ver-te assim
Acabares desta maneira
Ver assim teu triste fim.
Maria Albertina Amélia

Comentário final: Relato mais completo, não é possível.
A certa altura fala na silicose.
Para os mais jovens, talvez constitua novidade, mas fiquem a saber que muitos ex-mineiros morreram "afogados" em sangue, através da boca !
E  a miséria passou  a fazer parte do quotidiano de muitos.
E até perderem o receio de emigrarem ?
A emigração foi a única saída possível.
Que me recorde, nessa altura o destino foi o Canadá, e teve como protagonistas o Albertino, meu cunhado, o Armando, meu vizinho e o  Manuel Alves Ferreira, irmão de um tio da Adelaide.
Tó Almeida