Bem-vindos

Tenho o grato prazer de partilhar convosco coisas que nos falam ao coração. E dizer-vos que mais uma vez percorri a nossa página de Cebola e por lá encontrei maravilhas que fazem sonhar. Após este momento senti-me incomodada por não ter felicitado o Paulo e o Sérgio pelo 12º. Aniversário da página de Cebola. E você, será que se lembrou de felicitar o Sérgio Brás e o Paulo Alexandre pelo árduo trabalho que realizaram ao longo destes doze anos ao serviço de uma causa e de um povo?
Segundo nos informaram a página é pertença do Sérgio e do Paulo, e em conjunto tomam decisões  no que respeita a publicação e organização dos trabalhos. Ainda bem, estes dois entendem-se perfeitamente. “Ditosa Pátria que tais filhos tem”.

Agora o nosso Sérgio vive para esta página: adiciona, publica, embeleza, publicita, e são horas e mais horas perdidas em prol da língua e da cultura portuguesas, sobretudo dos nossos valores sanjorgenses. Por mim realço aqui seus dons e talentos, e espero que os meus conterrâneos façam o mesmo. Tudo o que o Sérgio faça pela nossa Terra o fará para mim também.
Eu, como os todos os outros emigrantes choramos pelo cantinho que nos viu nascer. Quantas vezes de saudade e emoção nos debruçamos sobre a necessidade intrínseca de aprofundar a nossa raiz ancestral. Por isso, quanto mais se sente a pátria, maior é a herança cultural e mais universal é o seu sentimento de orgulho e de pertença. Os emigrantes são verdadeiros pólos de expansão da cultura lusíada no mundo, e eu não fujo à regra.
Mas ainda não lhe disse que encantos descobri na página de Cebola, pois bem, vi fotografias antigas e recentes, vídeos muito interessantes e ainda li alguns acontecimentos e histórias que me transportaram à minha infância. Estou a recordar-me da história dos moinhos e das presas que me trouxeram imensas lembranças da minha meninice.
Só tenho pena que o espaço que nos é oferecido não receba a cada ensaio a mesma forma de expressão como aquela de que nos fala Walter Pater: Escrever é uma forma de fazer poesia. A poesia é a forma de expressão que surgiu com a MÚSICA, A DANÇA, O TEATRO, em época que remonta à Antiguidade Histórica. Afirma ainda que a própria fala, fruto da necessidade de comunicação entre os elementos de uma comunidade primitiva – estão as raízes poéticas. (...)
Mas infelizmente acrescenta que, no avançar dos tempos surgem as Guerras, a fome e a desgraça, e tudo pesa sobre os ombros do homem que se remete ao silêncio cada vez mais. E neste campo, diz-nos Walter que até nas revoluções mais radicais das formas poéticas o ritmo continua a ser o elemento-chave da expressão.

Amigos quero partilhar convosco mais um sentimento de alegria! Graças à pagina de Cebola encontrei um dia o Sérgio, e através dele hoje realizei mais um sonho, descobri em Vancouver uma amiga de infância, a Matilde Santos, que já não via há 35 anos. É ou não uma riqueza?! Há um ditado português que afirma: “Ninguém é profeta na sua terra”. Podem crer, ser emigrante e amante da sua Pátria é participar numa guerra silenciosa, às vezes rompida pelo grito das lágrimas que se vertem quando a unidade não é perfeita e o ritmo denota falta de coesão. O sentimento é o mesmo quando observamos coisas menos bem entre os nossos conterrâneos, filhos da mesma terra, aquecidos com o mesmo Sol embalados pela mesma lua, amanhecendo no berço da mesma aurora.
E citando Pedro Strecht”: "Os silêncios são das maiores forças do crescimento psíquico. Representam tempos de pacificação, de resolução de conflitos, de reencontro, mas também são espaços de abertura, portas abertas à comunicação e ao preenchimento do que existe à nossa volta. Surpreendem. Marcam. Fazem adormecer, tanto quanto fazem sonhar. "

E com um só gesto completo a palavra dando azo a outras ideias, e delas nascerão dunas de migalhas de amizades, ondeadas por minhas mãos, na esperança de partilha-las convosco um dia – talvez: quiçá?!

Rendo homenagem à Página de Cebola pelo seu décimo segundo aniversário, do lado de cá do mar.

Adelaide Ramos Vilela