Sindical
16 de Agosto de 1933, numa visita às Minas da Panasqueira Bento Jesus Caraça, nas notas tiradas sobre a mesma escrevia {Perguntei ao José Machado se os Mineiros tinham Sindicato, disse-me que não. Mais me disse que alguns tinham tentado fazer isso mas que eram despedidos logo que a empresa sabia.(...)
Procurei demonstrar-lhe a vantagem que para todos havia da fundação de um Sindicato explicando-lhe grosso modo o seu funcionamento e para que servia,(...) Respondeu-me por fim: "eu é que para lá não vou, pois se eu preciso de ganhar a vida e eles despedem-me!" (...)}
" E, se é certo que durante cinquenta anos de vida e de actividades houve ainda pequenos movimentos de greve, é igualmente certo que eles terminavam depressa(..)" Leal,1945
Socorrendo-nos ainda do que escreveu Bento Jesus Caraça, quando andou pelo Couto Mineiro (Silva, Lino da, Jornal do Fundão, 8de Abril de 2005):
Nos anos 30 houve uma greve que teve como objectivo reduzir o horário de trabalho de 10 para 9 horas por dia e aumento salarial. Ao fim de 3 dias de Greve os objectivos foram alcançados. Na forja estava já a preparação da greve pelas 8 horas diárias.
No entanto há uma Greve que pertence ao imaginário de quem pelas bandas de Cebola nasceu e se criou. A Greve do Carbureto.
Ano da Greve:1939
Objectivo: Não pagar o Carbureto
Início da Greve: na Barroca Grande, que depois se estendeu ao Rio e à Panasqueira.
Um mineiro ganhava 8$50 e tinha que pagar para o carbureto 1$50
Para poderem trabalhar os Mineiros tinham que comprar o carbureto à Companhia. Situação que trazia revoltados e que revoltou os Mineiros. A Greve aconteceu em Janeiro(!!??) 19/20(!!!???). Nos dias marcados negaram-se a entrar. Pararam à Boca da Mina. Nem a GNR conseguiu fazê-los entrar. Não tinham Luz para entrar. A PIDE interveio prendendo e mandando para o Forte de Peniche (Caxias?) aqueles que eles consideraram os cabecilhas desta Luta:
JOÃO PORFÍRIO MARTINS
BENTO DA COSTA
ALFREDO ARAÚJO PEREIRA ( O CARRIÇO )
AUGUSTO DIAS
ARTUR ALÍPIO
SEBASTIÃO RAMOS
ANTÓNIO DIAS ANTUNES
JOSÉ JOÃO DUARTE
MANUEL FERNANDES
Ao fim de três meses de tortura, por intervenção do Tenente Rosário, de Dornelas do Zêzere, foram transferidos para o Porto. Houve julgamento e restituídos à liberdade.
A Greve através dos relatórios do agente da PVDE e do Governador Civil de Castelo Branco:
Do relatório da PVDE:(R)
Cada mineiro, tinha uma despesa diária, em carbureto, de 30 centavos.
Em Outubro de 1937 uma comissão representativa dos trabalhadores, solicitou à Companhia, por forma escrita, o pagamento do carbureto. Deram como prazo, para a companhia implementar essa petição o fim do ano.
No dia 2 de Janeiro de 1939, como a pretensão não tinha sido satisfeita, não entraram ao trabalho. Fizeram greve. A greve teve início, pelo que é dado perceber no relatório, na Barroca Grande.
A Companhia deu logo conhecimento, ao Governador Civil de C. Branco, do facto de os trabalhadores estarem em Greve.Ainda segundo o mesmo relatório, o Governador Civil veio de imediato para a Mina, dando ordem à PSP da Covilhã e à GNR para se deslocarem para a Mina afim de se evitarem distúrbios.Logo no primeiro dia de greve, foram levados para os calabouços da PSP/Covilhã os mineiros acima referidos.Nota-se, neste relatório, a necessidade de justificar o não conhecimento antecipado da ida dos trabalhadores para a greve. "O pessoal encarregado de vigiar os operários durante o serviço, dizem não terem ouvido falar nunca em greve, mas estas declarações carecem de fundamento pelo motivo do referido pessoal se achar despeitado, em virtude de acerca de um mês ter pedido aumento de ordenado e não ter sido atendido."
Do relatório do Governador Civil:
(podem ser lidas mais 2 páginas do doc. aqui )
A greve de 1939, "vista" pela caneta do escritor:
"Os trabalhadores das minas da Panasqueira, no concelho da Covilhã, em 1939 declararam uma greve geral reivindicando aumento de salários e melhores condições de trabalho, eles que conhecem duas vezes a noite num dia normal de trabalho.
Durou alguns dias a luta.Teve influência, neste movimento, um grupo numeroso de trabalhadores que havia recentemente regressado de Espanha.
Os mineiros viram atendidas algumas das suas reclamações."in Tear de Tomates, Raimundo Gabriel