Que fazes ó criancinha, que fazes aqui tão cedo
Ai quero ir ao cemitério
Ai mas sozinha tenho medo.

Ao cemitério não vais, que lá não mora ninguém.
Ai mora sim senhora coveira
Ai minha saudosa mãe

Então tu já não tens mãe, criancinha tão pequenina
Ai já não tenho pai nem mãe,
Vivo no mundo sozinha.

Então tu já não tens pai,
O meu pai morreu na guerra,
Ai foi o que ajudou a levar a minha mãe a pedir a terra.

Então tu não tens irmão, criancinha tão desgraçada
Ai tenho sim senhora coveira
Ai tenho uma irmã que é parva.

 


Já vi um rato a ler
Um grilo a dar escola
Nas asas de uma formiga
Formou-se o jogo da bola.

 

Já vi uma mosca prenha
Depois de prenha pariu
Depois de parir morreu
Depois de morrer fugiu.

Minha mãe abelha-mestra
Minha casa é uma colmeia
Sai a mãe, casa vazia
Vem a mãe, casa cheia.


Quem me dera uma mãe
Antes que fora uma silva
Por mais que ela picasse
Eu era sua filha.

Minha mãe para eu me casar,
Prometeu-me tudo quanto tinha.
Quando foi ao dar do dote,
Deu-me uma agulha sem linha.

Minha mãe para eu me casar,
Prometeu-me uma panela.
Quando foi ao dar do dote,
Partiu-me a cara com ela.

Minha mãe logo à noite,
Maria vai-te deitar.
Ela julga que eu durmo,
Minha vida é namorar.

Namorei-me, namorei-me,
Não me soube namorar.
Namorei-me de um vadio,
Que não me soube estimar.


Quando eu morrer não quero ser enterrado
Quero que me vão meter na pipa de abafado.
Quando eu morrer não quero ser careca,
Quero ser acompanhado por uma velhota marreca.
Quando eu morrer quero a cova bem tapada,
Não vá lá a minha sogra ferrar-me uma dentada.


Ai ó Manuel, Manuel o teu nome é tão bonito,
Ai eu queria casar contigo, eu sou pobre e tu és rico (bis).

Ai ó Manuel, Manuel todavia te desejei
Ai agora já o cá tenho, ai caiu na sopa como o mel (bis).


Toda a vida guardei gado, também guardei ovelhas.
Quando elas amuavam eu puxava-lhe as orelhas.

Toda a vida fui pastora, toda a guardei gado
Trago uma chaga no peito de me arrumar ao cajado.